No final da década de 1970, até o início dos anos 80, o compositor Fernando Pellon participou do coletivo de compositores Malta D’Areia, sediado em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, do qual também faziam parte Paulinho Lêmos, Roberto Bozzetti, Renato Calaça, Tunico Frazão, Fátima Lannes, Cássia Bonturi e Paulinho Leitão.
Nesse período, nasceu o projeto do disco “Cadáver pega fogo durante o velório”, que depois de pronto acabou inspirando o curta-metragem “É Miquelina, minha mulher”, dirigido e roteirizado por Fátima Lannes, que já vinha participando de diversos espetáculos montados pelo Malta D’Areia, entre os quais “João maus costumes” e “Onde é que cabe um circo” (musical infantil).
A ideia para a realização do filme veio da música “Flores de plástico ao amanhecer”, que no disco ganhou a interpretação do sambista Nadinho da Ilha. “A inspiração veio quase imediatamente ao ouvir essa música. Eu já tinha pensado em fazer alguma coisa quando estava fazendo Comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF). O Pellon me deu de bandeja um ótimo argumento a ser desenvolvido”, contou Fátima Lannes.
Além de participar na concepção geral do projeto do disco, Fatima Lannes atuou, também, como assistente de produção.
“Desde a ideia do disco até o seu lançamento no bar O Viro do Ipiranga, em Laranjeiras, (Zona Sul do Rio) estava envolvida dos pés à cabeça no contexto do disco ‘Cadáver pega fogo durante o velório’. Pra começar a falar desse envolvimento, tenho que mencionar que o encontro da Malta D’Areia era feito praticamente todo o final de semana na nossa casa (nessa época ela era casada com o Roberto Bozzetti), logo, a minha interação nesse projeto do disco junto com a Malta foi de grande importância. Fui assistente de produção do Roberto Moura, produtor do disco, e no coro da música ‘Flores De Plástico Ao Amanhecer’, contou.
Fátima Lannes disse ainda que considera “Cadáver pega fogo durante o velório” um disco visceral. “Sua busca por entre as vias da vida cotidiana, das nossas dores, mazelas, amores retratadas em suas letras de uma forma tão intencionalmente crua, tão emocionalmente nua, sem abrandamentos ou suavizações, provoca sensações imediatas aos ouvintes”, afirmou.
O filme integrou a 43ª Mostra Internacional de Cinema.