Fernando Pellon e Jards Macalé encontraram-se recentemente, no maravilhoso show que este último fez, ao lado da cantora Simone Mazzer, no teatro da Caixa Cultural do Rio de Janeiro. Ele disse que o encontro foi uma grata oportunidade que ele teve para curtir um grande compositor, com o qual ele tem identidade poética:
“Deu para curtir algumas de suas grandes composições, com arranjos pesados que me remeteram ao pique da década de 70, tais como ‘Boneca semiótica’ (Jards Macalé, Duda e Ricardo Chacal), ‘Mal secreto’ (Jards Macalé e Waly Salomão), ‘Vapor barato’ (Jards Macalé Waly e Salomão) e ‘Hotel das estrelas’ (Jards Macalé e Duda Machado). Pintaram também ‘Meu amor me agarra & geme & treme & chora & mata’, ‘Gothan City’, ‘Farinha do desprezo’ e ‘O crime’, composições de Macalé com Capinam. Dividindo o palco com Jards, Simone arrasou com sua tremenda voz”, disse o compositor.
Fernando Pellon contou que aproveitou o encontro para eliminar “uma lacuna histórica” na sua discoteca:
“O meu exemplar de ‘Aprender a nadar’ (1974) tinha apenas o autógrafo de Waly Salomão, que à época usava também o codinome artístico Sailormoon. Pois, agora Macalé assina a seu lado na capa do disco, conferindo completude à morbeza romântica que tanto inspirou e inspira meu trabalho”, declarou.
A inspiração que esses autores conferem à obra de Fernando Pellon está destacada no CD “Moribundas vontades”, lançado em 2016, com várias referências musicais e poéticas de autores com os quais Fernando Pellon se identifica, cujos nomes e versos compõem o catálogo do disco, entre os quais Aldir Blanc e Augusto dos Anjos.
Com relação a Jards Macalé, a alquimia poética de Fernando Pellon com o compositor fez com que este fosse reverenciado no projeto gráfico do CD, por meio de um trecho da sua canção “Farrapo humano”.