Os fãs não precisam se preocupar, a aura poética singular e transgressora de Fernando Pellon para compor continua e vai estar presente no novo disco do compositor, cujo título “Medula e osso” não deixa dúvidas sobre a sua marca registrada.
“O projeto do novo disco se encontra na fase de definição de repertório, no qual estão incluídas parcerias com Paulinho Lêmos, Roberto Bozzetti e José Reinaldo Marques. O trabalho todo deve ser concluído em meados de 2019”, revelou o compositor.
O novo álbum terá 10 músicas e na parte vocal as participações especiais de Marcos Sacramento, Rose Maia, Fátima Guedes, Alice Passos, Mariana Baltar, Mariana Bernardes, Moacyr Luz, Luísa Lacerda e Carol Félix.
Apenas uma das músicas do repertório não é inédita, explica: “A única exceção fica por conta de ‘Álibi vulgar’, uma parceria com Paulinho Lêmos que integrou a trilha sonora do curta-metragem ‘É Miquelina, minha mulher’, com roteiro e direção de Fátima Lannes”, disse Pellon. O filme ganhou o prêmio de melhor roteiro no Concurso Nacional de Roteiros Kodak/Curt, em 1986.
O filme é uma narrativa musical sobre a história de um homem que sonha ter morrido e que é enterrado num cemitério moderno pela mulher, contrariando o seu desejo. O papel principal foi vivido por Laert Sarrumor, vocalista da banda Língua de Trapo. O curta foi exibido na 11ª Mostra Internacional de Cinema – São Paulo Film Festival (MSP/11).
Os versos da letra de “Álibi vulgar” se tornaram o único diálogo do filme: “Não exijo sacrifícios, só lhe rogo paciência, luto e continência, durante toda minha ausência…”. Segundo Fátima Lannes, essa música, que agora entra no próximo disco de Fernando Pellon, era a única que faltava a ser gravada da trilha musical do filme. Ela conta como se deu a inspiração para a criação do roteiro do filme.
“Ser amiga do Pellon, estar próxima do seu trabalho, ter participado da criação e atuado como assistente de produção do seu premiado “Cadáver pega fogo durante o velório”, considerado um dos mais importantes da discografia brasileira, me inspirou, diante de primorosa musicalidade associada a letras raras e incomuns, a fazer um argumento a partir da música “Flores de plástico ao amanhecer”, gravada no disco já citado. E todo o roteiro foi desenvolvido a partir de músicas do CD ‘Aço frio de um punhal’ (segundo disco de Fernando Pellon)”, disse Fátima Lannes.
“Medula & osso” é mais um trabalho musical em que Fernando Pellon faz questão de dialogar com artistas, cujas obras têm forte relação com o raríssimo talento artístico-musical manifestado nas suas composições: “O projeto do novo disco tem por inspiração Décio Pignatari e Assis Valente”, revelou o compositor.