Mesmo com a sua timidez e sem a pretensão de virar uma celebridade no cenário musical brasileiro, Fernando Pellon completou 40 anos de carreira despertando a atenção de críticos e de ouvintes criteriosos quando o assunto é garimpar obras musicais diferenciadas, em meio à grande quantidade de novos lançamentos que aparecem rodando nas playlists das plataformas de música.
Recentemente, Fernando Pellon virou notícia nos comentários do blog “Desconversa”, do médico e blogueiro Francisco Lima. Atraído pelo disco “Medula & Osso”, Lima ficou encantado com a sua obra e não economizou elogios ao compositor. “Tudo foi grata surpresa. A qualidade das canções, os arranjos, o esmero com a arte gráfica, enfim, foi uma revelação formidável”.
Francisco Lima não lembra exatamente quando e onde ele ouviu falar pela primeira vez de Fernando Pellon. Acha que pode ter sido por meio da coluna do jornalista Mauro Ferreira, colunista de música do blog “Pop & Arte” do G1. “Fato é que comecei a ouvir ‘Medula & Osso’ e não parei mais. Tive a mesma sensação e encantamento da primeira vez que ouvi Celso Viáfora”.
Surpresa
No seu comentário no blog Francisco Lima disse que se surpreendeu, e não sabe por que o compositor, que ele considera genial, não tem as suas músicas tocadas nas rádios. “Fernando não toca no rádio, tem poucos ouvintes nos streamings e no YouTube, mas é gênio. Tem quatro discos e eu já estava bastante atrasado como ouvinte”.
Os comentários de Francisco Lima indicam que, apesar dos desafios como autor independente, Pellon conseguiu furar a bolha do mercado fonográfico e tem conquistado plateias em territórios inusitados e atraído parcerias de artistas de peso da MPB. “Fernando usa referências poéticas (respeitem meus caninos brancos, trecho da música “Um sujeito de mau aspecto”), homenageia Décio Pignatari, e é acompanhado (no disco Medula & Osso”) por uma constelação: Jayme Vignolli, Fátima Guedes, Moacyr Luz, Marcos Sacramento e Mariana Bernardes. Afinal, como deixei essa obra-prima escapar por tanto tempo?”
Procura
Depois de ouvir as dez faixas do álbum “Medula & Osso”, Francisco Lima confessou que se identificou muito com duas canções. “No início fiquei estacionado em ‘Um sujeito de mau aspecto’ (o caso é que eu ando mal e porcamente no gelo das ruas, solitário, demente) e ‘Canção de vadear’ (é nosso pranto, são nossas mágoas, grandes torrentes, caudais de lágrimas) . Elas retornaram inúmeras vezes, e quanto mais ouvia, mais gostava. Depois ouvi o disco todo, ouvi os outros discos, e até agora não entendi porque é que eu não escutei isso antes”, afirmou.
Esse encontro com a música de Fernando Pellon fez tão bem a Francisco Lima que ele resolveu adquirir o álbum “Medula & Osso” no formato físico. “Fui correr atrás dos discos. Essa história de streaming vale só para os mais novos, que não conheceram as maravilhas de um bom long play. Daí iniciei uma procura insana nas lojas do Rio e de São Paulo, até na Passadisco de Recife eu procurei. Ninguém conhecia, acabei comprando o arquivo da Apple, mas não desistindo do disco”.
Finalmente o contato com Fernando Pellon aconteceu e Francisco Lima recebeu do compositor um exemplar do álbum “Medula & Osso”, que abriu os seus ouvidos para todo o conteúdo musical do artista que agora figura na sua lista de grandes referências da música popular brasileira.