Neste instante em que você está lendo essa matéria, no metrô de Nova Iorque (EUA) ou de Johannesburgo (África do Sul) alguém pode estar usando um fone de ouvido ligado ao seu smartphone atento às músicas que estão rodando numa playlist do Spotify. Não se espante se uma dessas canções for “Com todas as letras”, do disco “Cadáver pega fogo durante o velório” (1984). Também pode ser “Company of Nightmares”, do álbum “Medula e osso” que Fernando Pellon lançou em abril deste ano, no Rio de Janeiro.
É isso mesmo, a música do talentoso compositor já está sendo ouvida em diversos países no exterior. E a audiência das suas composições aumentou, depois que seus álbuns foram lançados nas ferramentas de streamings. Los Angeles, por exemplo, aparece entre as grandes cidades onde a música de Fernando Pellon vem conquistando novos ouvintes. São Paulo está em primeiro lugar; e o Rio de Janeiro, em segundo.
“Eu já esperava algum interesse no Rio de Janeiro e, principalmente, São Paulo. Fiquei realmente surpreso ao constatar a existência de ouvintes em outras cidades do Brasil e mesmo fora do país, como em Los Angeles, Toronto e Londres”, afirmou.
Pellon disse que tinha esperança que isso viesse a ocorrer, após a disponibilização de seus discos nas plataformas digitais como o Spotify. “Isso, porque a publicação anterior na internet de fragmentos de informação sobre meu trabalho já tinha despertado interesse em um público mais jovem”, justificou.
Questão de tempo
Um dado que chamou a atenção do autor do samba “Ruínas da cidade”, gravado por Moacyr Luz no álbum “Medula e osso”, é a faixa etária de quem está interessado nas suas músicas. “As informações sobre a faixa de idade dos ouvintes são importantes na seleção de oportunidades para divulgação do trabalho. A maior parte das pessoas que ouvem minhas músicas no Spotify possui entre 18 e 34 anos de idade, o que deve ser levado em conta na proposição de projetos como shows ou lives”, destacou.
Para qualquer artista alcançar o reconhecimento pelo seu trabalho é um salto que se traduz e gratificação. No caso de Fernando Pellon “é um passo de cada vez”, como ele próprio costuma definir o seu comportamento na condução dos seus projetos musicais. “Eu tenho tempo”, diz o compositor explicando que não tem pressa para materializar as suas produções artísticas porque o tempo costuma ser o seu grande aliado.
E ele tem mesmo razão. Do seu primeiro disco “Cadáver pega fogo durante o velório”, e que se tornou o mais icônico da sua carreira, lançado há 40 anos, até o momento ele gravou outros três. “Aço frio de um punhal” (2010), “Moribundas vontades” (2016), e o mais recente “Medula e osso” (2023), um álbum singular, onde Fernando Pellon divide o repertório com Alice Passos, Andrea Dutra, Fátima Guedes, Mariana Baltar, Mariana Bernardes, Luiza Lacerda, Marcos Sacramento, Moacyr Luz e Rose Maia.
Ao mesmo tempo em que não se apressa, Fernando Pellon não esconde a sua satisfação com a notícia de que a sua música está despertando interesse no mercado musical dos Estados Unidos, Europa e África do Sul. Até onde vai essa audiência é cedo para afirmar, mas já tem gente apostando que isso vai aumentar.
“Os streamings trazem como benefício a possibilidade de se conhecer a preferência dos ouvintes com respeito ao repertório disponibilizado on-line. No final das contas, são essas pessoas que definem as músicas de maior impacto e é muito importante para o artista ter acesso a tal informação”, declarou.