Dentre os vários projetos musicais em que o arranjador, cantor, compositor, produtor musical e violonista João de Aquino (1945-2022) trabalhou, um deles está marcado com muita deferência na memória e trajetória artística de Fernando Pellon. Ele assina a produção musical do primeiro e icônico disco do compositor “Cadáver pega fogo durante o velório” (1984).
“Conheci o João de Aquino por meio do Roberto Moura, que atuou como produtor do ‘Cadáver Pega Fogo Durante o Velório’. Os arranjos do disco foram todos do João, à exceção daquele da música ‘Cicatrizes’, cuja autoria é do Paulinho Lêmos. Eu gosto particularmente de ‘Tal como Nazareth’, onde o arranjo uniu maravilhosamente o Rafael Rabello e o Helvius Vilela”, disse Fernando Pellon. “Ele também participou como músico em várias faixas, com destaque para o violão ovation em ‘Com todas as letras’. Um cara bacana e extraordinariamente talentoso, sempre pronto para contar uma passagem engraçada vivida por ele na MPB. Deixa por aqui muita saudade”, concluiu.
João de Aquino morreu no Rio de Janeiro, no dia 28 de setembro de 2022. Neto de um maestro de banda do interior fluminense, ele era também um exímio violonista. Primo de Baden Powell, começou a estudar violão aos 10 anos de idade e figura no panteão dos grandes instrumentistas brasileiros. Além de projetos individuais, destacou-se trabalhando com cantoras como Elizeth Cardoso e Elza Soares, com quem lançou o trabalho “Elza Soares & João de Aquino”, em 2021.
Como compositor João de Aquino é autor de grandes sucessos em parceria com Paulo César Pinheiro, com quem compôs as canções de sucesso “Sagarana” (1969) e “Viagem” (1972). Trabalhou com Candeia como arranjador, compositor e produtor musical em “Axé, gente amiga do samba” (1978).
João de Aquino lançou seis discos na sua carreira: “Violão viageiro” (1974), “Terreiro grande” (1978), “Asfalto” (1980), “Patuá” (1991), “Carta marcada (1994), e “Sabor” (2002). Um dado também especial da carreira de João de Aquino é que ele foi o responsável pelos arranjos e o produtor musical do disco “Maxixe não é samba” gravado pela cantora Vó Maria, viúva de Donga, aos 92 anos de idade, lançado em 2003.