Arranjador, compositor, instrumentista e produtor musical, Jayme Vignoli falou sobre a sua parceria com o cantor e compositor Fernando Pellon no seu novo disco “Medula e osso”. Pela terceira vez, ele é o responsável pelos arranjos e a direção musical de um trabalho do artista, em cujo disco também aparece como parceiro na modinha “Suíno”, uma das 10 faixas do álbum que está sendo gravado no Rio de Janeiro.
Nesse bate-papo com o site, Jayme revelou o seu prazer em trabalhar com Fernando Pellon, a quem ele considera uma pessoa “muito bacana e especial”, cujo trabalho como poeta e compositor é “instigante e primoroso”. Leia a seguir:
Pergunta – Pela terceira vez consecutiva, você assina os arranjos e a direção musical de um disco de Fernando Pellon. Como é trabalhar com esse artista?
Jayme – É sempre muito bom, um prazer mesmo, trabalhar com Fernando Pellon. Não bastando a originalidade instigante de seu trabalho de poeta e compositor, algo primoroso, Pellon é uma pessoa muito bacana e especial. Nossas conversas na preparação de todos os álbuns nos quais trabalhei sempre se marcaram por um transcorrer bem tranquilo, onde procuro sempre atender às sugestões e diretrizes para cada música e ainda tendo total liberdade para também colocar minhas propostas.
Pergunta – Em comparação aos trabalhos anteriores “Aço frio de um punhal” e “Moribundas vontades”, o que esse disco “Medula e osso” tem que mais lhe chamou a atenção?
Jayme – Se não me engano, nesse disco, Pellon reúne um apanhado de suas composições mais antigas. Em função disso, das 10 músicas, oito delas não tinham nenhum registro com acompanhamento de harmonia, por exemplo. Some-se a isso o fato de que algumas das obras já se encontravam num estado “flutuante” da memória, com alguns pontos indefinidos melodicamente. Em relação à modinha “Suíno”, em função de algumas incertezas quanto à melodia original, Pellon me convidou para ser seu parceiro, o que me deu e dá grande alegria, reescrevendo a melodia. Nesse caso, aproveitei o mote inicial dado por Pellon disponível em uma gravação caseira e dali segui novos caminhos. Foi uma bela experiência.
Pergunta – Em termos de elenco de vozes e músicos o que você destacaria no disco “Medula e osso”?
Jayme – Acho que assim como no CD anterior, há que se destacar a variedade de intérpretes, o que imprime a cada música uma sonoridade particular e original. Uma coisa interessante nesse processo é que o próprio Pellon escolhe antecipadamente cada intérprete para sua música correspondente e nesse processo, ele sempre acerta na mosca com louvor.
Pergunta – Do seu ponto de vista como arranjador, compositor e músico, qual é a sua opinião sobre o repertório desse novo disco de Fernando Pellon?
Jayme – Assim como nos discos anteriores, ainda que haja uma “perambulação” constante em torno do samba, sempre há espaço para outros gêneros. No que diz respeito a “Medula e osso”, entre um samba e outro ocorrem um tango brasileiro, uma modinha, um bolero e uma balada jazzística, sendo essa última marcante dentre o repertório por trazer uma letra em inglês.