Há 40 anos, em meio a uma longa queda de braço com a censura da ditadura militar (1964-1985), o compositor Fernando Pellon gravou o disco “Cadáver pega fogo durante o velório”, que é considerado até hoje um dos trabalhos musicais mais importantes da sua carreira.
A trajetória bem-sucedida do disco em quatro décadas no segmento de produções musicais independentes, continua atraindo muita atenção e é lembrada recorrentemente em documentários, podcasts, matérias de jornais temáticos e blogs de jornalistas especializados em música, que garimpam produções musicais inusitadas.
Toda vez que se depara com alguma crítica elogiosa sobre as suas composições, o poeta mineiro, que se tornou carioca, abre um largo sorriso e manifesta a sua felicidade com a imortalidade do “Cadáver”. “É um sentimento gratificante de atemporalidade, que resulta da pertinência da opção estética adotada no disco”, comentou o compositor.
“Cadáver pega fogo durante o velório” foi tema de um comentário da jornalista Sarah Quines, pesquisadora e colecionadora de discos de vinil, no canal Garimpo Sonoro, criado por ela no YouTube, onde toda terça-feira à noite ela faz comentários sobre discos e revela as histórias curiosas que estão por trás de cada uma dessas produções.
No vídeo, de cerca de 10min, Sarah Quines dá detalhes do disco que ela pesquisou e conta aos seus seguidores como o então jovem geólogo e compositor independente Fernando Pellon transformou as manchetes trágicas dos jornais em um álbum que ela considera “sensacional”.
Assista, a seguir, na íntegra, ao comentário da Sarah Quines
Sobre o disco
“Cadáver pega fogo durante o velório” foi lançado em 1983 pelo selo independente Vento de Raio, com um repertório de sambas e choros que foram interpretados pelo próprio Pellon, com as participações especiais de Paulinho Lêmos, Sinval Silva, Nadinho da Ilha e a cantora Cristina Buarque.
As nove canções do disco, produzido pelo então jornalista e crítico musical Roberto Moura, são composições de Fernando Pellon com os seus parceiros Paulinho Lêmos e Renato Costa Lima.
A base instrumental do disco foi formada por Raphael Rabello (violão sete cordas), Helvius Vilela (piano), Marcelo Bernardes (sopros), Oscar Bolão (bateria) e o violonista e arranjador João de Aquino.
Devido à grande repercussão que alcançou, o disco foi agraciado com o troféu Chiquinha Gonzaga (1983), da Associação dos Produtores Independentes de Discos (APID).
Foto: Antonio Batalha.